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Melindres e Melindres

26/12/2020 06:45 | DURAÇÃO 4:48

Notas do Episódio

Melindres e Melindres Melindre tem várias definições. Pode ser definido como amabilidade, delicadeza no trato, recato, pudor. No entanto, é quase certo que ao ser utilizado pelas pessoas, o conceito que expressa é de facilidade de se magoar, de se ofender, suscetibilidade. Nesse sentido, tem sido comum a sua invocação, nas relações humanas. As menores atitudes de um funcionário, de um amigo recebem a adjetivação imediata: -“Como você é melindroso!!!” Por isso, amizades se diluem, desentendimentos acontecem, duplicando mágoas de um e de outro lado. Nas várias facetas das nossas relações, melindre tem sido utilizado para justificar defecções, traições, desajustes e quebra moral de contratos de amizades, casamentos e empregos. Que ele existe, é verdade. Mas que as pessoas se dão, por vezes, um valor maior do que verdadeiramente possuem e aguardam tratamento especial, também é verdade. No entanto, um outro lado da questão se apresenta e tem sido esquecido, quase sempre. Se melindre é a manifestação do orgulho ferido, não menos verdade que cresce, entre as criaturas, muita falta de tato, delicadeza e gentileza. Em nome de uma falsa caridade, de expressar a verdade, amigos e companheiros de trabalho se permitem lançar ao rosto do outro tudo que pensam. E não medem palavras nas suas expressões. É como se tomassem de pedras e as jogassem, sem piedade. E o que esperam é que o outro aceite tudo. Quando o agredido se insurge, quando toma uma atitude, quando fala de respeito, é tomado como aquele que se melindra. Contudo, em nenhum momento o agressor, aquele que foi indelicado e feroz, se desculpa. Não, ele está certo. O outro é que é portador de muito orgulho. Nesse diapasão, vidas honradas de trabalho têm sido literalmente jogadas no lixo. Servidores de anos têm tido seus esforços depreciados, como se fossem coisa alguma. E o que critica maldosamente, o que aponta os erros mínimos é o herói, a pessoa correta. Refaçamos os passos enquanto é tempo. Antes de destruirmos valores afetivos preciosos. Antes de atacarmos instituições centenárias com folha irrepreensível de dedicação e serviço à comunidade. Examinemos quantas vezes a culpa nos compete. Quantas vezes teremos sido nós os provocadores do afastamento de pessoas de nosso convívio. Ou da instituição a que prestamos serviço. Da nossa família, da nossa esfera de amizades. Recordamos que, certa vez, em reunião de trabalho, um voluntário interrompeu de forma agressiva a fala do coordenador. Reclamou e reclamou, ferindo e humilhando-o frente aos demais. O ferido se calou, dolorido. Depois de alguns dias, procurou o agressor em particular. A sós com ele, expressou a sua mágoa, com o sincero objetivo de modificar a emoção ferida e apaziguar seu mundo íntimo. O interlocutor, em vez de reconhecer a indelicadeza, reverteu a situação e deu o diagnóstico impiedoso: não houvera agressão de sua parte. O outro é que se melindrara. Pensemos nisso. Será que a constatação quase diária de melindre nos outros não se tornou uma válvula de escape para nós? Uma desculpa para a nossa rispidez cotidiana, o nosso relaxamento no trato com o semelhante? * * * Quem se melindra, deve trabalhar para se tornar menos suscetível. Mas quem provoca o melindre não pode se esquecer da lei de caridade, da afabilidade e da doçura preconizados no livro sagrado do cristianismo: Bem-aventurados os mansos e pacíficos. Redação do Pense Nisso com base em fato narrado no artigo O problema do melindre, de André Marcílio Carvalho de Azevedo, Em 12.08.2016.